31/05/12

o imprevisto silêncio

© Maria | Singapura, 2011


"o silêncio do amador e da amada alimentam
o imprevisto silêncio do mundo
e do amor."

Herberto Helder

30/05/12

apelo


© Derek Cianfrance | Blue Valentine, 2010

"os olhos aguados numa tristeza que hoje me dói
como um apelo perdido..."


Fernando Namora

25/05/12

do outro lado da vida


© F.J. | Bangkok,  2011

"Viajar é muito útil, faz trabalhar a
imaginação.
...
Aliás, à primeira vista todos podem
fazer o mesmo. Basta fechar os olhos.

É do outro lado da vida."

Louis-Ferdinand Céline

as música dos dias


M83 | Saturdays = Youth, 2008

pássaro


© Wim Wenders | Pina, 2011


Aspectos perdidos
pequenas sombras em redor de poderosa imagem.

Aquilo que
distingue a palavra ave da palavra pássaro.

João Miguel Fernandes Jorge

24/05/12

os meus sonhos


© Wim Wenders | Pina, 2011

"eu estendi os meus sonhos sob os teus pés.
caminha suavemente, pois caminhas sobre os meus sonhos."

William Butler Yeats

Izumi Ueda Yuu


© Izumi Ueda Yuu  | My Studio with Shoes: Mixed Media Installation, 2008
http://www.izumiyuu.com/


a música dos dias

Beach House | Bloom, 2012

23/05/12

'now and then'

as músicas dos dias


Destroyer | Kaputt, 2011

and now...


© Maria | Férias, 2010

“And now," cried Max, "let the wild rumpus start!”

Maurice Sendak in, Where the wild things are 

22/05/12

a melhor maneira

© Fjorge | Singapura, 2011

"Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos."

Álvaro de Campos

second meeting

18/05/12

first nonsense meeting



Erlend Øye



Jarvis Cocker

"He was walking through the room, with loads of journalists after him, towards the artist area, where they could come in.
I was standing in a doorway there. As he came past I said, «Hey. Do you know my band?»
He says (adopting sarcastic Jarvis voice), «I'm aware of you. Yeah.»
«Do you want to swap glasses?»
So we did and there was a storm of flashes from the photographers.
Then he said, «Can I have my glasses back. I can't see without them.»
So he got his glasses back and that was our first meeting." Erlend Øye

17/05/12

espantados

© F.M. | Marvão, 2012

"É proibida a entrada
a quem não andar
espantado de existir"

José Gomes Ferreira

16/05/12

a importância das coisas


© F.M. | Porto, 2012

"...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros, etc.
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós."

Manoel de Barros

15/05/12

ainda era


© Maria | Baiona - Galicia, 2010
Ilhas Cíes - Parque Nacional Marítimo -Terrestre das Ilhas Atlânticas


"Ainda era Verão e eu nem de longe me sentia farto de sol e de mar."

Henry Miller in, O colosso de Maroussi


14/05/12

sempre


© Festival ao Largo, 2011

"Sou um terrestre, muitas vezes feliz, mas um terrestre que caminha de uma forma muito aérea, muito suspensa, à procura de qualquer coisa, sobretudo na música, que ainda não sabe muito bem o que é. E isso inquieta-me o espírito. Sempre."

Bernardo Sassetti

12/05/12

o silêncio

© Bernardo Sassetti | Lisboa, 2005


"Gosto de pensar na música de uma forma abstracta, útil, com silêncio - fundamental na música!
(...)
Quando se vive muito intensamente a música, a música que vive cá dentro, que vem cá de dentro a fervilhar, o grande segredo para a sua transmissão e partilha é o acto contido sobre o que temos e encontramos no fundo de nós.
(...)
Temos que saber dar tempo ao seu "tempo". Ouvir-lhe a voz. Ouvir-lhe o silêncio."

Bernardo Sassetti

11/05/12

Bernardo Sassetti [1970 - 2012]


é que, às vezes, esquecemo-nos

Jean-Luc Godard | Pierrot le fou, 1965

Meu Caro Fernando e Poeta,

"Li ontem à noite e hoje de manhãzinha, de um fôlego, a sua lira. Deu-me um prazer imenso, intenso – mas não tenso, penso –, um prazer gozado como aquele que dá uma gostosa, luminosa e instrutiva conversa.
E a poesia, se não for sobretudo isso (uma conversa) – lembrava-o o Eliot, veja lá! – não chega bem a ser coisa nenhuma. Você fala de quase tudo quanto, na vida, é importante e fala, tornando-o, para nós, também importante. É que, às vezes, esquecemo-nos, e é ao poeta que compete reacender-nos a lembrança.
Por outro lado, V. torna-nos, sem violência, de masinho, habitantes da sua paróquia de assombros, amores, guerra, paz, aprendizagens, revelações, desapontamentos, medos, premonições e amizades (fiz-me assim amigo do falecido padre seu amigo, com quem V. falava de poesia). V. gosta da língua, das palavras (e da malícia que elas têm), mas gosta ainda mais daquilo para que elas servem."

Eugénio Lisboa, JL, 17.9.91

10/05/12

um com o outro

Wong Kar-wai | In the mood for love, 2000


"Tenho em mim que havemos sempre de viver
juntos um com o outro
que havemos de selar os nossos destinos
na terra, na água, no ar e no fogo
no fogo que irradias
... e que a água vem apagar e não apaga
no ar que nos consome e que nós respiramos os dois juntos"


António Gancho

09/05/12

agitam-se as recordações

Como se desenha uma casa

Primeiro abre-se a porta
por dentro sobre a tela imatura onde previamente
se escreveram palavras antigas: o cão, o jardim impresente,
a mãe para sempre morta.

Anoiteceu, apagamos a luz e, depois,
como uma foto que se guarda na carteira,
... iluminam-se no quintal as flores de macieira
e, no papel de parede, agitam-se as recordações.

Protege-te delas, das recordações,
dos seus ócios, das suas conspirações;
usa cores morosas, tons mais-que -perfeitos:
o rosa para as lágrimas, o azul para os sonhos desfeitos.

Uma casa é as ruínas de uma casa,
uma coisa ameaçadora à espera de uma palavra;
desenha-a como quem embala um remorso,
com algum grau de abstracção e sem um plano rigoroso.

Manuel António Pina

07/05/12

comunicar esse amor

Nuri Bilge Ceylan | Uzak, 2002


"que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.

Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam à porta...»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo."

Fernando Assis Pacheco

04/05/12

não aqui e agora


© J.B. | Lisboa, 2012

"É onde eles vivem:
Não aqui e agora, mas onde tudo aconteceu em tempos.
Por isso é que eles têm
Um ar de ausência perplexa, tentando estar lá
E contudo estando aqui."



Philip Larkin

03/05/12

como ainda és possível


© Judah Benoliel | Lisboa - Rossio, anos 40

"Ah ninguém sabe
como ainda és possível poesia
neste país onde nunca ninguém viu
aquele grande dia diferente"


Ruy Belo

climas

Nuri Bilge Ceylan | Climas, 2006


"Aspectos perdidos
pequenas sombras em redor de poderosa imagem.

Aquilo que
distingue a palavra ave da palavra pássaro."

João Miguel Fernandes Jorge

02/05/12

outra vez os livros





"Apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?" Franz Kafka